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Deixando o nosso Sistema Solar ou não...

Voyager 1, o primeiro objeto terráqueo a praticamente deixar o Sistema Solar, depois de ter iniciada sua missão há aproximadamente 35 anos p...


Voyager 1, o primeiro objeto terráqueo a praticamente deixar o Sistema Solar, depois de ter iniciada sua missão há aproximadamente 35 anos pela NASA.
A possibilidade de que ela já houvesse chegado ao espaço interestelar foi considerada em estudo publicado em março, na revista Geophysical Research Letters. Porém uma boa parte da comunidade cientifica acredita que ela ainda não tenha atravessada a fronteira de nosso Sistema Solar. Há estimativas que pode ser comemorado ainda nessa década a chegada dela ao espaço interestelar, o que nos deixa na expectativa desta conquista.
Com base no relatório, cuja autoria principal recai sobre o astrônomo Bill Webber, professor da Universidade Estadual do Novo México, a União Americana de Geofísica até que chegou a anunciar o feito como definitivo, para logo se corrigir e descrever a posição da Voyager como uma nova região do espaço. A agitação na comunidade científica foi imediata, e a Nasa apressou-se em declarar que o limite do Sistema Solar ainda não havia sido cruzado. Desde então, viu-se aumentada a expectativa dessa confirmação e do que a Voyager encontrará no desconhecido.
Para o doutor em Astrofísica Alexandre Zabot, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), não há um ponto que marque o fim do Sistema Solar. Ele fala em uma área de transição, passando de uma região onde o Sol é a maior influência para uma região onde as outras estrelas exercem esse papel. “Atualmente, as Voyagers estão nessa região de transição”, diz, referindo-se às sondas 1 e 2 - que distam 3 bilhões de quilômetros entre si, sendo assim a Voyager 1 mais distante, há 18 bilhões de quilômetros da Terra
Apesar de ter sido enviada ao espaço 2 semanas depois da Voyager 2, realizou trajetória elíptica que a colocou em vantagem na missão interestelar e, por isso, recebeu o número 1.

Zabot acredita que há consenso na classe científica quanto ao não ingresso da sonda no espaço interestelar. A dúvida, explica o astrofísico, reside no desconhecimento quanto ao tamanho da região de transição. Enquanto o fim não for alcançado, restará a dúvida se as Voyagers estão mais perto da parte de fora do Sistema Solar ou da parte de dentro.
“Sabemos que, quando este momento chegar, o campo magnético não será mais o do Sol, e as principais partículas também não serão mais oriundas dele, mas esse é um momento que ainda não chegou”, afirma.
As estimativas do tempo restante para o meio interestelar não são precisas. Zabot entende que, com base em modelos e observações astronômicas, é possível aguardar que a passagem por essa região ocorra nos próximos anos, em menos de uma década. Em dezembro, Edward Stone, cientista do projeto Voyager, declarou que a aposta da Nasa é de alguns meses a dois anos.
Após as espaçonaves deixarem a região dominada pelo Sol, será possível analisar os dados obtidos e declarar, oficialmente, em que faixa de distâncias acaba o Sistema Solar. Essa será apenas mais uma das conquistas proporcionadas pela Voyager, entre aquelas que ainda são aguardadas com certa curiosidade.
Zabot acredita que o meio interestelar seja muito mais calmo do que o ambiente do Sistema Solar, devido a menor quantidade de partículas encontradas e a sua velocidade. Outro ponto aguardado refere-se ao campo magnético, o qual, não sendo mais governado pelo Sol, pode ser mais irregular.
“Podemos ter surpresas, mas não se sabe quais serão. Seria interessante que as tivéssemos, pois poderíamos aprender muito a partir delas”, afirmou o astrofísico.
O principal indicativo considerado para declarar completa a transição das sondas à zona interestelar está no chamado vento solar, que são as partículas emitidas pelo astro (prótons e elétrons, principalmente). A Voyager 1 detectou uma queda abrupta de velocidade do vento solar, ou seja, um declínio da intensidade de partículas energéticas vindas do Sol. Isso indica a aproximação da sonda sob o meio interestelar.
Conforme Zabot, todas as estrelas emitem essas partículas a partir de suas atmosferas, atingindo os planetas. No caso da Terra, podem danificar satélites ou afetar a saúde de astronautas em órbita se não estiverem bem protegidos. “As auroras boreais e austrais também são causadas por elas”, exemplifica.
A Voyager 1 foi lançada ao espaço á 35 anos em 5 de Setembro de 1977, com a missão de visitar e estudar Júpiter e Saturno, os dois maiores planetas do Sistema Solar. Juntas, as sondas 1 e 2 revelaram detalhes dos anéis de Saturno, descobriram os anéis de Júpiter e passaram ainda por Urano, Netuno e ainda 48 luas.
A missão para a qual foi criada concluiu-se em 1980, mas a Voyager 1 ainda segue enviando informações importantes, embora a comunicação com a Terra esteja cada vez mais lenta - os dados transmitidos à Nasa demoram mais de 16 horas para serem detectados.
Para Alexandre Zabot, surpreende a capacidade dos equipamentos a bordo continuarem funcionando, inclusive as antenas que permitem a comunicação com a Terra. “Guardadas as devidas proporções, a tecnologia a bordo das espaçonaves Voyager é muito avançada e robusta, mesmo tendo sido feita há quase quatro décadas”, conclui.


Informações : Science Time 

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